Autora: Adriana Micheletto Brandão
Orientadora: Valéria Giannella
Ano: 2010
RESUMO: O objetivo desta dissertação é fazer uma análise crítica do modelo tradicional de incubação de empreendimentos de economia solidária, apontando a necessidade de superar a visão tecnicista que é seu traço marcante. Declaradamente, reconheci a relevância de um novo campo que surgiu recentemente dentro da área da Economia Solidária, chamado de Economia Solidária e Feminista, que parece capaz de promover o empoderamento econômico e político de mulheres em situação de vulnerabilidade social, especialmente o das mulheres negras, consideradas as mais pobres entre os pobres. Foi feito um estudo comparativo entre uma cooperativa popular formada pelo modelo tradicional de incubação e grupos produtivos apoiados pela Economia Solidária e Feminista, ambos constituídos exclusivamente por mulheres. Esta análise indica que o modelo tradicional de incubação não consegue garantir a auto-sustentação financeira de grande parte das cooperadas que estiveram vinculadas ao empreendimento analisado, assim como não gera impactos significativos na construção de relações de gênero e de raça mais equitativas. Em contrapartida, a Economia Solidária e Feminista parece garantir resultados mais promissores, principalmente no que diz respeito ao empoderamento das mulheres dos grupos produtivos, o que é atribuído a uma formação política que transversaliza permanentemente todas as ações e a estratégia de articular estes grupos em redes. Portanto, assumindo como pressuposto a necessidade do trabalho de incubação contemplar necessariamente a dimensão política junto com a técnica, foram analisados os anteprojetos de lei de Economia Solidária do Estado da Bahia e do Município de Salvador. O objetivo foi avaliar em que medida estes documentos indicam o compromisso com a construção de ações voltadas ao grupo social das mulheres negras, assim como se a opção por referenciais conceituais-metodológicos comprometidos com o empoderamento econômico e político destas mulheres é mencionada no corpo dos anteprojetos, traduzindo uma concepção de Economia Solidária que não se restringe à criação de novos postos de trabalho, mas que efetivamente aposta na construção de um Outro Mundo Possível.
Palavras chave: mulheres em condições de vulnerabilidade social, economia solidária e feminista, empoderamento, incubação de empreendimentos solidários, políticas públicas de economia solidária.