Este projeto nasce das demandas do Grupo de Trabalho do IPHAN criado em 2015 constituído por representantes de terreiros tombados (Casa Branca, Afonjá, Gantois, Oxumarê, Bate Folha e Serja Hunde) e os técnicos do próprio órgão. Foi diante desse contexto que a Universidade Federal da Bahia, respondendo ao convite das comunidades tradicionais de terreiro e do IPHAN, trouxe para si a responsabilidade de conceber um plano pedagógico que oportunizasse o aprofundamento das reflexões gestadas no GT acerca da salvaguarda compartilhada do patrimônio cultural. O plano pedagógico tem como eixos de formação as noções de territorialidade, gestão do patrimônio, sustentabilidade e a construção de planos de preservação.
A particularidade das religiões de matriz africana, em especial, os Terreiros de Candomblé, adicionada à complexidade das suas demandas de proteção e salvaguarda diante da necessidade eminente de gestão do futuro, por si só, justificam o presente projeto.Ao aprofundar coletivamente a reflexão sobre a salvaguarda, esse curso de extensão movimentará os atores sociais envolvidos rumo ao ciclo das políticas públicas, engendrando, assim, o pautar da agenda da salvaguarda compartilhada do patrimônio cultural dos terreiros.
Ampliar o sentido de salvaguarda da memória afro-brasileira no que se refere à tradição oriunda das suas matrizes religiosas, algo que congloba a salvaguarda material dos espaços sagrados, bem como, imaterial (os saberes e tradições que compõe a memória histórica e cultural desse país) é uma obrigação que se impõe a esse Estado que tanto apregoa o discurso do multiculturalismo, dos Direitos Humanos e, sobretudo, da diversidade. Pensar a salvaguarda material e imaterial que circunda as religiões de matriz africana é um exercício de se por em prática os preceitos de Direitos Humanos construídos na contemporaneidade.
Essas são demandas, contempladas pelo Projeto Gestão e Salvaguarda do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Terreiros através dos múdulos apresentados, que cotidianamente mobilizam sacerdotes e sacerdotisas do Candomblé nas suas trajetórias de lideranças comunitárias que dentre outras funções, salvaguardam essas expressões do patrimônio afro-brasileiro.